lágrimas pelas coisas


O mundo após Slavoj Žižek.

[Fetish, David Lynch, 2007]

| João Amaro Correia | 30.6.08 |   | / / /

remain in light#3


(a metáfora é de Borges)
queimar livros
erguer muralhas


[Palácio de Cnossos, 2000 A.C]

| João Amaro Correia | 28.6.08 |   | / /

remain in light#2


Giovanni Battista Piranesi



Daniel Libeskind, Chamber Works, 1983



Álvaro Siza Vieira, Fundação Iberê Camargo, 2000/2008

Mais le poète au cours de sa promenade professionnelle, en prend de la graine à raison : « Ainsi donc, se dit-il, réussissent en grand nombre les efforts patients d’une fleur très fragile quoique par un rébarbatif enchevêtrement de ronces défendue. Sans beaucoup d’autres qualités, — mûres, parfaitement elles sont mûres — comme aussi ce poème est fait.
Francis Ponge, Les Mûres

| João Amaro Correia | 25.6.08 |   | / /

remain in light


Um certo tipo de vida quotidiana, (horas fixas, formas e locais de oração), somos feitos de hábitos.

[Brick House, Caruso St. John, Londres, 2001/2005]

| João Amaro Correia | 24.6.08 |   | / /

nostalgia


[Alec Soth in UTOPIA]

| João Amaro Correia | 22.6.08 |   | /

Um

Ao minuto sessenta e oito do jogo Alemanha-Portugal cabe a Cristiano Ronaldo a marcação de um livre directo. A postura é de uma concentração extrema: pés firmemente apoiados no chão, joelhos esticados, pernas afastadas, tronco direito, imóvel, pescoço ligeiramente inclinado para a frente, o suficiente para obter o maior raio de visão possível. Olha fixamente para a bola, como se comunicasse com ela, depois, em fracções de segundo, desloca o olhar para a baliza, regressando de novo à bola. O desenho do corpo no momento em que a pontapeia é invulgar: uma diagonal curvilínea sobre o lado esquerdo, um equilíbrio precário no momento da transferência de peso, como se convocasse todo o corpo, todas as suas partes, organicamente, para mobilizar a energia e a força muscular exactas com vista a produzir determinado efeito sobre a bola. Para além do desenho táctico e da estratégia que subjazem ao que os entendidos reconhecem ser um bom jogo, da componente agonística implícita nos movimentos alternadamente ofensivos e defensivos das duas equipas no meio campo — esse “sítio” onde se “ganha” a bola —, do significado “tribal” que alguns analistas atribuem aos comportamentos, à indumentária, às pinturas corporais ou aos cânticos das claques, pode olhar-se para uma partida de futebol como se olha para uma coreografia, com regras estruturadas e possíveis improvisações em torno delas. As analogias com a dança abundam nos discursos dos especialistas quando dissertam sobre um espectáculo desportivo. Também houve vários coreógrafos que se inspiraram em movimentos e técnicas do desporto para criar movimento. Contudo, não é ao nível das funções que a dança e o futebol têm que é possível estabelecer comparações, pois aí só encontramos diferenças que estão à distância de tudo o que separa a arte do jogo, mas antes pelo facto de estes dois géneros performativos terem como instrumento o movimento do corpo no tempo e no espaço, com regras, convenções, e por obrigarem ao domínio de técnicas extraordinárias. Admitindo que há no futebol uma coreografia — um arranjo de movimentos no espaço e no tempo — a determinação dos movimentos é, no jogo, aparentemente limitada. O génio é o que se eleva das convenções para inventar o seu próprio jogo. Da cultura táctica, dos posicionamentos pré-estabelecidos no espaço, dos trajectos e das determinações estratégicas irrompe a cultura do improviso. É nesse momento que o corpo se torna mais rápido do que a mente, como diria o grande bailarino improvisador Steve Paxton. A singularidade de Ronaldo, o número 7 da selecção nacional, advém das qualidades do seu movimento: um movimento espacialmente directo, forte, rápido, com uma fluência controlada, com uma dinâmica balística e um tipo de fraseado staccato, especialmente quando se apodera da bola. Estas são qualidades incorporadas que lhe permitem improvisar ao correr das circunstâncias do próprio jogo, ou seja, da acção dos seus companheiros e adversários. Relembre-se a propósito desta capacidade de improviso de Ronaldo os momentos em que faz rolar a bola de um pé para o outro e a desvia do adversário; em que se aventura, da ala esquerda para a zona central, ainda antes de assim ser determinado; em que ultrapassa, numa curva, de um só passo alongado, um jogador da outra equipa, e, de repente, o confunde, girando e fazendo recuar a bola; em que saltita sobre a meia ponta, tornando imprevisíveis o exacto momento e a direcção em que vai rematar a bola. Num jogo de futebol o movimento pode ser assim, independentemente do resultado obtido pela equipa, olhado e fruído como uma materialidade objectiva, um fraseado ou uma improvisação irrepetíveis, um movimento votado à perda, ainda que prosseguindo sempre uma obstinada procura da glória. Maria José Fazenda, Público, 21.06.2008 nota: Não teve este vosso escriba a sageza suficiente para fazer compreender à autora a Lei do Fora de Jogo. Além de que, graças a Scolari e ao seu rasgo táctico, foram parcas as oportunidades para análise do movimento de Ronaldo.

| João Amaro Correia | 21.6.08 |   | / / /

precários



[Social Mobility, Michael Elmgreen & Ingar Dragset, 2005]

| João Amaro Correia | 16.6.08 |   | / /

praça das flores de aço#4

"Sem dúvida que todo este texto em relação à Praça das Flores está muito bem escrito, bem escrito entenda-se bonito, porque a realidade da Praça das Flores vai muito além da designação de espaço publico que está a ser dada.

A realidade da Praça das Flores é de prostituição masculina e droga a partir de certas horas, a realidade é a de que os moradores não se sentem seguros a frequentar o mesmo pela frequência que por ali passa, a realidade é de um espaço livre, mas livre de ordem, livre de regras, onde se partem garrafas, partem bancos, riscam fontes, um espaço de ninguém, mas de todos, de todos que fazem imperar o medo.

Será que este é o espaço que queremos, que os moradores querem, ou que alguns políticos estão a tirar proveito por terem perdido o “poiso”? Será que estamos só a mostrar o lado negativo desta situação de 20 dias e, ocultar o lado positivo? Será que estamos a entrar no velho Fado Português que de tudo se queixa e de nada congratula?

Não tivéssemos nós o exemplo do Miradouro de São Pedro de Alcântara, que não levantou vozes como estão a ser levantadas em relação à Praça das Flores. No final, o resultado é o mesmo, ESPAÇOS PÚBLICOS RECUPERADOS. Apesar do caminho percorrido ser diferente. Enquanto o Miradouro S. Pedro de Alcântara esteve 2 anos vedado com grandes custos para a Câmara, a Praça das Flores estará durante 20 dias vedada entre as 17h00 e as 00h00, com lucros para a Câmara, que podem ser aplicados na recuperação de mais espaços.

Vamos começar a ser mais sérios e tentar realmente perceber o que a maioria pensa em vez de dar voz a uma pequena minoria que na realidade só olha para o próprio umbigo em vez de pensar no que realmente o povo precisa."

Comentário Anónimo.


Caro Anónimo,

O caso da Praça das Flores é simbólico. De muitas coisas. Do desdém com que as instituições olham para os indivíduos, da casuística que orienta as opções urbanísticas da cidade de Lisboa, do desprezo do poder pela garantia da liberdade individual, da submissão da política à economia e aos interesses – privados – lesivos dos interesses, não de todos, mas da opção de cada um fazer aquilo que bem entende com a sua própria vida.
O tom do seu comentário decorre da lógica do “mas...”. “Mas” a marca de automóveis financia a reabilitação da Praça das Flores, “mas” é preciso encontrar formas “criativas” de participação dos privados na reabilitação da cidade. Só há aqui um pequeno problema de lógica. Ou de ideologia, se quiser. O espaço público é, numa democracia liberal, inviolável. Porque o espaço público é a concretização física, política, simbólica, do pluralismo, da diversidade, do debate, do contraditório, do confronto democrático. Está, portanto, acima de qualquer fractura ideológica.
Foi (mais) esta concessão da política, de quem nos representa, à erosão da democracia e do seu espaço simbólico, que me deixou perplexo no meio disto tudo. Isto, e claro, o disparatado dispositivo policial que lá está montado até dia 20.
A cidade não é o jogo do Monopólio. Não se compram ruas nem se passa pela casa da partida sem se receber dois contos. A cidade é a riqueza da circulação e do tráfego. Que proporciona rápidas trocas e inusitados encontros. E não apenas de mercadorias. De ideias, de amores, de frustrações.
Mas tentemos ser racionais – pudera eu despender de maiores quantias de dinheiro e “alugaria” a Praça das Flores todos os Sábados de manhã para ter um pequeno almoço descansado, acharia isto conveniente?
Mas tentemos ser racionais:
1. Como já vi espalhado por essa blogosfera fora, esta inquietação com a Praça das Flores só o é porque é o centro de um bairro em que vivem os “privilegiados”. Com mais voz blogosférica. Uma espécie de casta cibernético-cultural. Falácia que exala um certo ressentimento. Eu, morador do bairro, não me considero privilegiado. Aliás, uma das riquezas do bairro é, justamente, a diversidade de quem o habita. Ricos, pobres, remediados, novos, velhos, brancos, pretos, amarelos, portugueses, estrangeiros, deputados e putas, paneleiros e garanhões. O convívio com a diferença é o melhor antídoto contra o preconceito, assim como o conhecimento da história o é contra nostalgias reaccionárias de passados miríficos. Sempre circulei com segurança naquele bairro. A todas as horas e em qualquer circunstância. Dou-me ao luxo de parar num banco da Praça das Flores para fumar um cigarro e tomar balanço para subir a Rua Marcos Portugal, repito, a qualquer hora da noite ou do dia.
2. Decisões como esta resultam na “privatização” do espaço público, assentam numa ideologia de segregação e o consequente ressentimento. As imagens medievais, dos servos da gleba a mirarem ao longe a boda real são também aqui apropriadas.
3. Naturalmente tem que se encontrar uma solução política e urbanística, que envolva privados, na reabilitação da cidade. Os cofres da Câmara estão depauperados e tal deve-se a sucessivas catastróficas administrações. Presumo que um qualquer tipo de mecenato seria uma solução. Não serei naïve e saberei, com certeza, o peso do dinheiro e da necessidade que dele carece a tesouraria da Câmara Municipal de Lisboa. Não me chocaria o Rossio patrocinado por um sabonete, o Largo da Graça pela Moviflor, a Avenida 24 de Julho pelo Martini, etc, etc, etc. [O Terreiro do Paço será, em todo o caso, uma excepção.] Mas nunca soluções deste tipo, que vedam o espaço público aos cidadãos.
4. Todo este processo está eivado de hipocrisia. De quem em campanhas eleitorais se indigna facilmente com os jogos florais da política. Não esqueçamos que a Câmara Municipal de Lisboa é o palco de lutas político partidária nacionais que têm pouco a ver com os interesses da cidade. Como uma montra, um tubo de ensaio. E fica a cidade à mercê dos desmandos dos lobos com ar de cordeiros. Nunca ninguém pôs em causa a honorabilidade do Vereador José Sá Fernades, como apressada e freudianamente, o Daniel Oliveira e o Pedro Sales se prestaram a ilibar – e veja-se como tudo isto serviu para logo se entrar em mesquinho combate político-partidário. Está em causa, sim, uma decisão política intolerável. E reveladora.
5. A Praça das Flores não estava em tão mau estado que merecesse esta honra em prol da sua recuperação. Bancos sujos? Pintem-se. O repuxo está sujo? Então? Já reparou naquela cor brilhantemente escolhida com que o pintaram por dentro? Parece uma piscina para os 100m mariposa. As plantas estavam secas? Reguem-nas – ao que parece, a política da jardinagem neste município é também um mundo obscuro. Há praças e largos e becos de Lisboa com muito mais urgência em reabilitar. Quaisquer 5.000 euros serviriam para fazer a festa da Praça das Flores.
6. Todo o seu comentário está apontado para um problema que não é urbanístico. É cultural, ou antes, civilizacional. Se partem garrafas na Praça das Flores, a culpa não será certamente do jardim. E educar trogloditas é outra tarefa. Os bárbaros continuarão a sê-lo, mesmo depois do jardim arranjado. Não?
7. O anedótico disto tudo é que os executivos da Skoda, ao abandonarem o “evento”, não o fazem em Skoda. Fazem-no em Mercedes. Tem piada.
8. O nosso fado é esta eterna submissão. E diga-se, que essa lógica d'"o que o povo precisa" me recorda uns sabonetes que o Emídio Rangel queria vender há uns anos atrás.

| João Amaro Correia | 11.6.08 |   | / /

fetichismo, ou as virgens arrependidas

My apartment reflects my views as an architect. It is minimal, austere. The architecture doesn’t impose itself upon you. The apartment is a stage for other things to take place.


Bernard Tschumi, New York Times Magazine, 8.6.2008


Todo um programa estético: minimal, austere.
Todo um paradoxo ético: The architecture doesn’t impose itself upon you. The apartment is a stage for other things to take place.

| João Amaro Correia | 10.6.08 |   | /

technics of the self


Não é tudo mau. Apenas perigoso. Diriam os mais cínicos filósofos franceses.
Mas a vontade, contra a paisagem, contra a realidade.

If I abandoned this project, I would be a man without dreams.
Werner Herzog

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[Fitzcarraldo, Werner Herzog, 1982]

| João Amaro Correia | |   | / / /

praça das flores de aço

Exmo. Vereador José Sá Fernandes,

CC: Exmo. Presidente António Costa; Exmo. Vereador Manuel Salgado; Exma. Senhora Vereadora Helena Roseta

É do e no espaço público que nascem as ideias e é por isso que o desejo de controlo político do mesmo é uma constante em todas as épocas e regimes. É o espaço público o lugar privilegiado da democracia. E da liberdade. E a liberdade só o é exercendo-se. É uma prática que necessita de repetição. Sob pena de se consumir no esquecimento. E recordamos a história do nosso país e sabemos o que ela custou a conquistar.
A praça é o lugar simbólico da democracia. É o lugar – físico - da discussão, do consenso e do contraditório. Se a praça é o lugar da prática da liberdade, em arquitectura, em cidade, os seus limites serão os da casa e das escolhas individuais. É nesses limites, ainda que difusos e muitas vezes conflituais, que fazemos o caminho das nossas escolhas individuais. Numa cidade vive-se entre o espaço público e o espaço privado e doméstico. Não se diz que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros?
A política autárquica, numa democracia liberal, não será mero balancete ou deve e haver. Será antes um percurso de escolhas que articulem os interesses privados com o interesse público, tendo como fim último o fortalecimento da liberdade. À gestão – palavra equívoca – de uma cidade deverá presidir, antes de mais, uma ideia de liberdade, de convívio das diferenças, de incremento da diversidade. É esta a riqueza das cidades e que a nenhuma excepção se deverão sujeitar e subjugar.

Recordo a campanha de V. Excia. à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, onde apelava a novas formas de cidadania. De participação na construção de uma cidade mais justa, mais democrática. Mais livre. E se recordo a sua campanha faço-o em confronto com decisões políticas de V. Excia, contraditórias com o seu discurso. São decisões lesivas dessa cidade livre que ambicionamos em Lisboa.
O encerramento, ainda que temporário, da Praça das Flores, alugada, mercantilizada, a uma marca de fabricante de automóveis, é simbólica do desprezo que é concedido ao espaço público. E da sujeição da política – polis – aos interesses privados, ainda que legítimos. O desdém institucional pelos cidadãos não é, também, de menor gravidade. Se a ideia de V. Excia. de “democracia participativa” passa pela exclusão dos cidadãos das decisões, creio que labora num erro que fere a cidade e a política. Se o conceito de V. Excia de cidade e cidadania passam pela segregação e pelo ressentimento – que na prática é o resultado imediato desta decisão de vender por trinta dinheiros a Praça das Flores – é lamentável. E politicamente hipócrita.

Há bens e valores que se devem manter acima de qualquer tráfico. A liberdade e a cidade não são mercantilizáveis. A justificação de contrapartidas pelo arranjo da Praça das Flores é intolerável, se o resultado é a exclusão, ainda que temporária, dos cidadãos daquela parcela de espaço público.
Endosso a V. Excia. responsabilidades políticas e materiais que resultam desta decisão desastrosa, lesiva da cidade de Lisboa, e do exercício da cidadania.
O espaço público não é mero palco para a encenação de um mundo de mortos que resulta destes pequenos estados policiais que nos vão surgindo pelas ruas de Lisboa.



Subscrevo-me atenciosamente,
João Miguel Amaro Correia

B.I. nº 10321780
Membro inscrito na Ordem dos Arquitectos nº8763

p.s. Em anexo, junto documentos fotográficos que certamente cobrirão V. Excia. de arrependimento.

| João Amaro Correia | 6.6.08 |   | / /

praça das flores de aço#2 [o estado policial]

"Não sei por que motivo é que as pessoas estão tão mal-informadas. Ninguém tem de fechar portas nem sequer a praça vai ser vedada, até porque só será cortado um pequeno troço da Rua Marcos Portugal."

José Sá Fernandes, Público, 2.6.2008





Praça das Flores, 5.6.2008

| João Amaro Correia | |   | / /

praça das flores de aço#3 [o espaço é público]

| João Amaro Correia | |   | / /

Lisboa, cidade criativa#2

A Praça das Flores - um dos mais pitorescos recantos da cidade de Lisboa - voltará a ganhar o seu encanto original graças a uma acção de mecenato patrocinada pela Skoda, afim de se acolher naquele espaço, durante 17 dias, os mais de 5000 colaboradores da marca que rumarão à nossa capital por ocasião da «World Dealer Conference 2008».

Ocupação do espaço público


Pobres e desapaixonados, tristes e sem rasgo, decide-se assim em Lisboa. Onde o espaço público é alugado, à revelia. Não é o espaço público, físico, da cidade que se esbanja e enfraquece. É o espaço da democracia que é trocado por uns, poucos, dinheiros.

p.s. Admito que o meu bairro dê prestígio, mas deixem-no em paz, por favor.

| João Amaro Correia | 5.6.08 |   | / /

Lisboa, cidade criativa#1

As cidades morrem se nelas não se circula. Como sangue nas veias do nosso corpo – metáfora pouco original, é certo - , morre a cidade sem tráfego, sem tráfico. De bens ou de afectos, de serviços ou de cultura. A cidade vive do trânsito, é transitiva, mas perdura para além do escasso tempo da nossa vida. É do paradoxo que se constrói.
Icónico, atravessa Lisboa e dobra as colinas. Emblemático, reproduzido infinitamente, é Lisboa pelo mundo. Ou pelas brochuras do turismo very typical, que seja. O encerramento do Eléctrico 28 às 23.10h é simbólico. Do desnorte e do desprezo, da incompetência, pior, da ignorância, de quem nos representa e apresenta, sazonalmente eleitoralmente, uma visão e planos para uma “cidade competitiva”. Com mais carros, mais entulho. Com mais clamor pelo preço dos combustíveis e pela poluição, pela insuficiência de parques de estacionamento – escavem-se mais buracos, enterrem-se mais euros em subterrâneas valas onde se empilham latas – pela escassez de transporte público.
Pobres e desapaixonados, tristes e sem rasgo, decide-se assim em Lisboa.

à atenção:
O Carmo e a Trindade
CIDADANIA LX
Fórum Lisboeta
Lisboa Lisboa

| João Amaro Correia | |   | / /

arquitectura & psicanálise

Évènements de la cité, qui constituent littéralement le contexte du sujet.

Cette question met en question une des prémisses fondamentales de la pensée classique, depuis une certaine date de la pensée grecque. L'homme, nous dit-on, est la mesure de toute chose. Mais où est sa propre mesure? Est-ce lui-même qu'il l'a?

Charles Melman

| João Amaro Correia | 4.6.08 |   |

the lives of elevators


Restaurante "Cabo Verde", Rua Duque de Palmnela, Lisboa


foto de Manuel Arrais

| João Amaro Correia | |   | /

na óptica do utilizador

Lote2, Lote3, Lote4, Lote12.

::da impossibilidade de crítica da arquitectura::
::memória [in]descritiva::


Obrigado, A.

| João Amaro Correia | 3.6.08 |   |

i'm stuck: against babel


Pertença. Limites. Do corpo e dos lugares. Lugares. Memória(s).
Passagem. Paragem. Linguagem.
Lugar-não-lugar. Cultura. Identidade.
Cultura. Comunidade.
Indivíduo.

-

[Bahok, Akram Khan Company, 2008]

| João Amaro Correia | 1.6.08 |   | /