tag:blogger.com,1999:blog-44172370227607027512024-02-19T13:57:09.544+00:00kHIASMAJoão Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comBlogger317125tag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-83508638370148439532010-05-23T20:10:00.000+01:002010-05-23T20:10:03.255+01:00<span style="font-size: x-large;"><a href="http://sub--real.blogspot.com/">>></a></span>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-62446631237521692302009-12-22T14:35:00.001+00:002009-12-22T14:39:04.854+00:00A metáfora é de Keats, roubada a Borges:<div style="text-align: center;"><img alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/GfF1Aa4SZpJBVZLkfzhO/" border="0" height="345" width="500" /></div><span style="font-size:78%;"> <br />
<span style="font-family: arial;">[</span></span><span style="font-style: italic; font-family: arial;font-size:78%;" >Pearblossom Hwy.</span><span style="font-size:78%;"><span style="font-family: arial;">, David Hockney, 1986]</span></span> <br />
<br />
desmanchar o arco-íris.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-5665229747177586202009-10-19T11:24:00.011+01:002009-10-19T12:39:27.138+01:00a gravidade e a graça*<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="375" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/YYi6h7LqsR7fouzihOYh/" width="500" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[<em><a href="http://www.casadashistoriaspaularego.com/index_pt.html#/home/">Casa das Histórias Paula Rego</a></em>, Eduardo Souto Moura, 2009]<br /></span><br /><br /><br />Que possamos entrar num edifício quer dizer que a sua experiência sobre nós é tal que, paradoxalmente, é ele que entra em nós – que nos habita. E torna-se-nos necessário falar da transubstanciação. <br />Porque a arquitectura, como produção de espaços, não tem início nem fim, como na singularidade poética da <em>promenade architecturale</em>: formas sob a luz, dentro e fora, em cima e em baixo. Fora, aproximamo-nos e olhamos e interessamo-nos e desejamos e percorremos em volta e descobrimos e regressamos. Dentro, entramos e caminhamos, olhamos ao caminhar e as formas explicam-se e desenvolvem-se e combinam-se. Não cessamos, não cessa em nós, a desocultação da forma pelo espaço. <br /><br />De facto, trata-se de determinar qualquer coisa como uma ‘essência’ da <em>arquitecturalidade</em>, se a sua definição, por hipótese, é ser um saber que consiste em dar lugar aos objectos de todas as naturezas que não são eles mesmos produtos desse saber. <br /><br /><br /><br /><br /><br />*<span style="font-family:arial;font-size:78%;">Simone Weil</span>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-64954425220864232742009-10-16T09:43:00.010+01:002009-10-16T13:14:12.723+01:00o mundo é aquilo que nos separa do mundo*<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="514" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/nrSn1fGlA5usUZ5Si4tv/" width="400" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[Ilha do Pico]<br /></span><br /><br />O espaço arquitectónico não é fictício: não habitamos o espaço literário ou pictórico. Se a ficção se ergue a partir daqui é porque, enquanto real, o espaço dividido e hierarquizado e limitado pelo arquitecto, nos expõe a imaginação a condições particularmente favoráveis para que esta nos tome de assalto. A arquitectura é uma condição de possibilidade. Da ficção e do dizer e do pensar e do agir.<br /><br />As casas sobrevivem aos homens. A duração é o seu modo, que se faz como obra-no-mundo. O fim da arquitectura coincidirá com o fim do político e do pensamento. Da arquitectura sustém-se o que sem ela seria inexistente. Ergue-se aquilo que por si não se mantém. É a sustentação das coisas. Acção directa sobre a nossa sombra fugaz.<br /><br /><br /><br />* <span style="font-family:arial;"><span style="font-size:78%;"><em>Trieste</em>, José Tolentino Mendonça <em>in</em> <em>O Viajante Sem Sono</em></span></span><br /><br /><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">para a T.</span>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-11696479021655813952009-10-15T16:02:00.003+01:002009-10-15T16:09:50.260+01:00strategies against architektur*Não nos interessa a reflexão puramente estética a que pensar a arquitectura nos levaria. Onde tudo o que ela dá a pensar, de ordem ética, estaria irremediavelmente ausente.<br /><br /><br />*<a href="http://www.youtube.com/watch?v=WKv0o40-O_E"><em><span style="font-family:arial;font-size:78%;">Architektur ist Geiselnahme</span></em></a><span style="font-family:arial;font-size:78%;">, </span><a href="http://www.neubauten.org/"><span style="font-family:arial;font-size:78%;">Einsturzende Neubauten</span></a><span style="font-family:arial;font-size:78%;">, <em>in</em> </span><a href="http://www.amazon.com/Berlin-Babylon-Einstuerzende-Neubauten/dp/B00005LKFJ"><span style="font-family:arial;font-size:78%;">Berlin Babylon</span></a>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-61231240783807831952009-10-12T12:04:00.007+01:002009-10-13T18:59:22.103+01:00ladies & gentlemen, Humpty Dumpty has just left the building<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="375" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/Bzg3IF6zz09dfVcNiRI9/" width="500" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[</span><a href="http://www.museudooriente.pt/"><span style="font-family:arial;font-size:78%;">Museu Fundação Oriente</span></a><span style="font-family:arial;font-size:78%;">, </span><a href="http://www.jlcg.pt/"><span style="font-family:arial;font-size:78%;">Carrilho da Graça</span></a><span style="font-family:arial;font-size:78%;">, 2008]</span><br /><br /><br />A distância entre a Ideia e a nossa percepção do mundo real é imensa. A essa diferença era em Platão o <em>espaço</em>. E o limite é espaço - espaço intersticial. O espaço do limite, ainda que sem extensão, é espaço: o espaço da geometria. E a geometria medeia a inacessível instância de Ideia e a realidade do mundo. O espaço, que não existe, torna-se. Devém pela desocultação. Pelo labor do geómetra que percorre o espaço entre as coisas, as descobre e lhes atribui o nome. É este o momento, este entre-dois, que se reconhece a realidade. A evidência que se revela.<br />A percepção do espaço implicará a criação contínua de espaço, um outro. Espaços múltiplos, contínuos, contíguos, separados, diferenciados, arrastados, nunca concluídos, na luz e na sombra. E inventamo-los pela luz e pela sombra. E esse é o ritmo da transformação da matéria.<br /><br /><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b2/Humpty_Dumpty_1_-_WW_Denslow_-_Project_Gutenberg_etext_18546.jpg">Humpty Dumpty</a>, sentado no alto fino muro, proclama o enclausuramento das palavras. Das coisas. Paradoxal com a sua precária situação no mundo, o seu corpo, sem juntas, sem dobras, com um limite unívoco, induz-nos ao erro das coisas fechadas.<br />O desejo do Museu da Fundação Oriente é esse. Fechar-se, ocultar-se, fixar-nos num mundo sem juntas e sem dobras, um mundo onde tudo é ‘complanar’. E, em rigor, o rigor autoritário do projecto de execução, eleva ao paroxismo a proposta do corpo do Humpty Dumpty. Precária situação no mundo.<br /><br /><br />Que lugar estranho para os <a href="http://www.thebadplus.com/">The Bad Plus</a> ultrapassarem os limites da convenção e demolirem o que faz diferir Stravinsky de Thelonious Monk de Aphex Twin de Kurt Cobain.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-61418160935070450642009-10-08T16:09:00.004+01:002009-10-08T18:15:32.685+01:00a fabricação da mesa e a invenção da civilização<em><a href="http://jornal.publico.clix.pt/noticia/06-10-2009/este-monge-gosta-de-cozinhar-ravioli-e-diz-que-a-comida-tem-muito-a-ver-com-a-etica-17959698.htm">No dia em que um homem decidiu não comer sozinho, colocou uma pedra no meio e convidou um outro para a mesa, iniciou-se a palavra, o diálogo, a capacidade de partilhar as coisas. O homem humanizou-se à mesa.</a> </em><br /><br />Enzo Bianchi <em>in</em> Público, 06.10.2009João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-42320085533249381442009-10-07T09:52:00.002+01:002009-10-07T09:59:41.636+01:00retórica insuportavelmente sentimental#2<em>É pena, sem dúvida, que uma parte tão grande do trabalho criativo esteja tão intensamente relacionada com a personalidade daquele que o produz.<br />É triste, embaraçoso e pouco interessante que as emoções que sacodem o artista a ponto de lhe exigirem expressão, cumulando-a de uma certa dose de luz e força, estejam quase sempre enraizadas, por muito modificadas que apareçam à superfície, nas preocupações pessoais, por vezes singulares, do próprio artista – esse mundo particular, cujas paixões e imagens cada um de nós vai tecendo do nascimento até à morte, uma teia de complexidade monstruosa, urdida – a uma velocidade incalculável e com uma extensão impossível de medir – por essa aranha que são as percepções singulares do artista.<br />É uma ideia solitária, uma condição solitária, e é tão aterrorizador pensar nela que normalmente não o fazemos. E por isso falamos uns com os outros, escrevemos, telegrafamos e telefonamos uns aos outros, de perto ou de longe, cruzando terra e mar, apertamos as mãos à chegada e à partida, lutamos uns com os outros e até nos destruímos uns aos outros, neste esforço algo frustrado de atravessar paredes em direcção ao outro. Como disse uma vez um personagem numa peça, “Estamos todos condenados a viver na cela solitária da nossa pele.”<br />O lirismo pessoal é o grito de um prisioneiro para outro, na cela solitária a que cada um está confinado durante toda a vida.</em><br />[...]<br /><br />Tennessee Williams, <em>Uma Palavra ao Leitor</em> in <em>Um Eléctrico Chamado Desejo e outras Peças</em><br /><br /><br /><br /><em><a href="http://www.ionline.pt/conteudo/26138-souto-moura-nao-posso-ser-indiferente--pintura-da-paula-rego---video">Mas continuo a dizer que sou um egoísta</a></em> [...]<br /><br />Eduardo Souto Moura <em>in</em> i, 05.10.2009João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-8514222068732837262009-10-06T15:55:00.004+01:002009-10-07T12:14:35.540+01:00retórica insuportavelmente sentimentalDuas ou três coisas acerca da ‘<a href="http://quando-as-catedrais-eram-brancas.blogspot.com/2009/09/da-ensaistica-generalizada.html">esquizofrenia crítica</a>’. Sufoco, será mais apropriado.<br />A devoção excessiva à singularidade, objectos, edifícios, autores, ergue-se a partir da obsessiva auto-assertividade, auto-consciência, auto-complacência, (auto-crítica?). É próprio da crítica a produção de um juízo – estético, ético, técnico, depende da ‘ambição crítica’. O problema que se nos coloca é ser essa produção crítica de acordo com os próprios fenómenos que observa. E é esta que se manifesta, que se ergue quase como manifesto. E nessa excessiva deslocação elidem-se a relações (críticas?) do objecto, da sua singularidade, no contexto e no confronto com tudo o que dele se exclui. Sobra o objecto autista e a crítica cega.<br />Ainda que saibamos que o lugar da crítica será justamente o de estabelecer ligações [não <em>links</em>], relações, entre o objecto e o mundo – quase que atrevo o <em>real </em>- o pensamento, acossado pelo ego-centrismo, torna-se mera vontade de afirmação, já não de representação.<br />Mas talvez tudo isto não passe de uma retórica insuportavelmente sentimental ou talvez seja o tempo de instituir a <em>instabilidade </em>como categoria crítica. Ainda depois de Derrida & Eisenman.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-65512939978843255632009-10-06T13:12:00.005+01:002009-10-06T13:17:36.392+01:00interiores/exteriores<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="333" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/oLWz9NKeLg1C2kSVQW2R/" width="500" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[</span><span style="FONT-STYLE: italic;font-family:arial;font-size:78%;" ><a href="http://thehurtlocker-movie.com/">Estado de Guerra</a></span><span style="font-family:arial;font-size:78%;">, Kathryn Bigelow, 2008]</span><br /><br /><br /><br />Ainda <em><a href="http://thehurtlocker-movie.com/">The Hurt Locker</a></em>, interiores/exteriores.<br />Interiores:<br />A caserna provisória, que durará o tempo da guerra, estreita, austera, uma cama, uma mesa de cabeceira, o desejo do Sgt. James a fechar da luz com um contraplacado.<br />o Humvee e a economia militar, o estrito equipamento para manutenção da vida, o espaço mínimo de sobrevivência ao exterior violento.<br />Os planos claustrofóbicos do interior do capacete do equipamento anti-explosão: somos nós sempre enclausurados no interior do fato – sangue, suor, absurdo.<br />A casa do professor iraquiano, fugaz trivialidade e quotidiano dentro da guerra - não por acaso se tornou insuportável ao Sgt. James.<br /><br />Exteriores:<br />Sempre mediado pelos dispositivos de guerra, pelas distorções telescópicas ou microscópicas do território.<br />A câmara inquieta, ansiosa, aflita, atribulada, sempre atenta ao perigo iminente que surge de qualquer lado, espada de Dâmocles a desabar a qualquer instante.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-63172812048113305412009-10-05T15:56:00.003+01:002009-10-05T16:00:36.195+01:00terrae incognitae<div style="text-align: center;"><img alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/phThEQPh8S8U7UVPOJ8r/" border="0" height="207" width="500" /></div><br /><span style="font-style:italic;">Suspensa sobre o abismo, a vida dos habitantes de Octávia é menos incerta que noutras cidades. Sabem que mais do que um certo ponto a rede não aguenta.</span><br /><span style="font-size:78%;"><br /><span style="font-family: arial;">[<span style="font-style:italic;">As Cidades Invisíveis</span>, Italo Calvino]</span></span><br /><br /><br />O espaço inteiro da humanidade e da natureza implode. Integralmente conquistadas todas as suas dimensões [euclidianas e outras], o espaço cessa de ser um volume extensível através do qual e expansão não tem limites. A extensão deixa de ser expansiva. Torna-se intensiva – junções, condensações, compressões, potências de partículas ou de fibras infinitas, milhões de bits de energia ou informação em quase nenhum espaço-tempo – o espaço perde o seu pensamento, a sua disposição de amplitude e abertura. De certa forma o espaço não mais exactamente dimensional: a terra não é mais que um ponto, e o ponto é sem dimensões.<br />A consciência agonizada do re-encerramento engendra uma espécie de pensamento do espaço – pensamento que é ao mesmo tempo essa angústia e a luta com ela mesma, o ponto de partida de uma outra história, de um outro espaçamento.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-26885852092419159202009-10-05T14:31:00.007+01:002009-10-05T15:13:41.368+01:00uma razão para ir para a guerra<div style="text-align: center;"><img alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/wEZew9qF9faOY5zbmqpC/" border="0" height="300" width="500" /></div><br /><span style="font-family: arial;font-size:78%;" >[</span><span style="font-style: italic; font-family: arial;font-size:78%;" ><a href="http://thehurtlocker-movie.com/">Estado de Guerra</a></span><span style="font-family: arial;font-size:78%;" >, Kathryn Bigelow, 2008]</span><br /><br /><br /><br /><br />Aprende-se a lidar com a bomba e não se pensa nisso enquanto se desarma o detonador. <span style="font-style:italic;"><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Embedded_journalism">Embedded</a></span>, nós, espectadores, enclausurados no fato anti-explosivos. Claustrofobia para além de qualquer juízo.<br /><span style="font-style:italic;">primeiro vive-se e não se pensa em nada</span>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-55930041535329337102009-10-03T18:49:00.006+01:002009-10-03T18:59:24.198+01:00o espaço fractal da morte<div style="text-align: center;"><img alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/uSMnTleKqGczILmOgaVP/" border="0" height="332" width="500" /><span style="font-size:78%;"><br /></span><div style="text-align: left;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family: arial;">[</span></span><span style="font-style: italic; font-family: arial;font-size:78%;" >Mãe e Filho</span><span style="font-size:78%;"><span style="font-family: arial;">, Aleksandr Sokurov, 1997]</span></span><br /></div></div><p><br /><br />Mãe e filho desfiam a memória no conhecimento mútuo da proximidade da morte. O lugar é o da memória, vagarosa e demorada, desencadeada pelo conhecimento do que se aproxima, pela paisagem sonora e visual fragmentada, pelas manifestação onírica do sonho partilhado e continuado que povoa a noite anterior. Somos convocados à memoria de nós próprios e à memória colectiva. Como um sistema de fractais, irrompe o inconsciente colectivo: os sons da infância que se confundem terrivelmente com os da morte; a coincidência, na casa, da alegria e da dor; passos; pássaros; vento, árvores; o assobio do combóio raro e distante; o assombro da morte; o peso da imperfeição do coração; Deus que perfura a consciência e abandona a alma.<br />O filho contém a sua vida ao carregar a mãe à morte. Uma <span style="font-style: italic;">Pietà </span>inversa que se detém cativa da consciência da mortalidade. Fragmentos da tristeza irreparável, do amor que se eleva, da contemplação e compreensão do outro próximo, indícios de geometria fractal que compõe a precariedade das coisas e a conexão misteriosa entre nós e as coisas do mundo.<br />O paraíso perdido é o arquétipo desta paisagem. O espaço é fragmentado, pulverizado, como fracturas minúsculas do <span style="font-style: italic;">todo</span>. Metafísico, como em <a href="http://www.cheniere.org/images/scream_munch.jpg">Munch</a>. A estrada que se bifurca como os caminhos que decidem a vida, as nuvens e a sua sombra errante como tristezas e alegrias que passam, a floresta densa e misteriosa e a ignorância humana sobre coisas, o esplendor do mar e o vento que sacode suavemente as ervas e que constituem a beleza de um mundo, consciente e inconsciente, que nos é dado e que não compreendemos. Que nos deixa espantados pela beleza. Que nos faz permanecer exilados do conhecimento. O mistério do amor e da morte que se atravessa entre nós e o nosso entorno. Infinitamente belo, infinitamente terrível.</p>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-46448054238051004732009-10-02T18:04:00.004+01:002009-10-02T18:14:57.114+01:00perpetuum mobile<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="501" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/92pmPr7t1cYNhiFTIYrz/" width="500" border="0" /></div><p><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[</span><span style="font-family:arial;font-size:78%;"><em>Mercators Projection</em>, Icebergs Series, <a href="http://www.davidburdeny.com/">David Burdeny</a>, 2007]</span><br /></p><p><br /><em>Mas porque estar aqui é muito, e porque tudo<br />o que é daqui aparentemente precisa de nós, estas coisas efémeras, que<br />estranhamente nos dizem respeito. A nós os mais efémeros. Cada uma<br />uma vez, só uma vez. Uma vez, não mais. E nós também<br />uma vez. E nunca mais. Mas o<br />ter sido uma vez, mesmo uma só vez:<br />o ter sido terreno, parece irrevogável.</em><br /><br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:arial;">[As Elegias de Duíno, A Nona Elegia, Ranier Maria Rilke]</span><br /></span></p><p><br /><br />A nova doutrina: o espaço hesita. Flutua ou naufraga, ergue-se ou soçobra.<br />Desamparado de qualquer imagem do mundo, livre de qualquer crença matricial e fundadora. Expulsos do <em>lugar </em>único e indivisível, o Paraíso, caímos no território que exige trabalho. Só depois das mãos, a paisagem.<br />Nem lugares, nem não-lugares, apenas [im]possibilidade de nos reconhecermos num lugar para a existência. O espaço que a arquitectura se encarregará de nomear, fixar, para que o ser exista.<br /><br /><br /><br /></p>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-6366295101109879982009-10-01T18:00:00.009+01:002009-10-01T18:12:33.780+01:00para averiguar do seu grau pureza<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="435" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/T2QJk0kZILuDhSHBh3cW/" width="315" border="0" /></div><p><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[<em>Chicago Tribune Tower</em>, Adolf Loos, 1922]</span><br /></p><p><br /><em>Have the elder races halted?<br />Do they droop and end their lesson, wearied over there beyond the seas?<br />We take up the task eternal, and the burden and the lesson,<br />Pioneers! O pioneers!</em><br /><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[<em><a href="http://www.readprint.com/work-6327/Pioneers-O-Pioneers-Walt-Whitman">Pioneers! O Pioneers!</a> </em>, Walt Whitman]<br /></span></p><p><br /><br />Sabemos da anglofilia fina de Adolf Loos e perguntamo-nos pela razão da condescendência e paternalismo do vienense perante a América. O purismo, (puritanismo?), ético loosiano, incompatível com a diversidade – variedade – da sociedade americana? Um território de incerteza, de origem incógnita e oculta, se comparado com o estável progresso – refinamento – cultural da Inglaterra de então? Certamente uma perturbação para quem se inquietava com a depuração da ‘raça austríaca’, a degenerada.<br />Musil explica. E Freud. E Shoenberg.<br />E a voz de Whitman, citado por Loos, que ergue a heróica e moderna América dos escombros dos impérios anteriores que definhavam, do território de fronteira estranha, da mistura impura mas optimista dos homens.<br /></p>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-73470328359466344042009-09-30T11:49:00.016+01:002009-09-30T15:52:02.801+01:00lugar transitivo<em>We attain to dwelling, so it seems, only by means of building</em>. Sigamos Heidegger e detenhamo-nos, depois, nessas efabulações humanas, militarizadas primeiro, domesticadas e abandonadas agora, tão ao alcance dos nocturnos ‘terrores repentinos’.<br />Em Wenders povoam Berlim, a cidade ferida pelo contraditório muro que a atravessa. Um muro de questões ridículas semeadas por homens a que assistem os anjos, excluídos de lhes alterarem o destino – o rapaz não espera para se suicidar. Ilusões incorpóreas de aparência humana, seres reflexo da solidão de Deus e testemunhas da queda humana, também eles desejam com estrondo cair. A fadiga da imortalidade trocada pelo corpo perecível, o corpo lugar transitivo.<br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="302" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/6zH5hRAZTuorwyNon9em/" width="500" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[As Asas do Desejo, Wim Wenders, 1987]<br /></span><br />Distinguimo-nos deles pelos elementos: observam ainda no seu tempo, que se conjuga sempre no tempo presente, os glaciares a derreterem, as primeiras cidades, sorriem ao verificarem o esforço do homem na Lua ; nós, carne corruptível, esforçámo-nos por abrir na rocha o primeiro abrigo, amontoámos pedras, organizámos o espaço, erguemos a memória dos mortos – a única possibilidade de arquitectura em Hegel -, necessitamos de recato para o sexo.<br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="312" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/bqGNzZHhwZgstFlrDPDH/" width="500" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[Mãe e Filho, Aleksandr Sokurov, 1997]<br /></span><br />Dividimos e organizamos o espaço pela linha do Sol. À hierarquia dos negócios diurnos substitui-se a necessidade de apenas uma minúscula parcela desse espaço onde depositemos o corpo.<br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="263" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/mhiMptzrOjJwitkT3VwS/" width="500" border="0" /></div><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[Adolf Loos]</span>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-45362340111870942132009-09-29T15:59:00.004+01:002009-09-29T16:09:00.816+01:00av. dom joão ii#2<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="375" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/dRvjK80z7GW0o8aZK9iS/" width="500" border="0" /></div><br /><em>Labirinto</em>, <em>máscara</em>, <em>espelho</em>: as metáforas de Nietzsche são o canto do lamento e da perda inelutável com que a modernidade o intima. A matéria que enforma o espírito e já não o fulgor impalpável – irracional – na constituição do mundo. <br />Gémeas, máscara e labirinto, são as imagens, simétricas também, que o filósofo empresta à arquitectura. O disfarce epidérmico e hipócrita ou a abundância labiríntica do pensamento e da construção. Devoção dionisíaca ou ódio aos insuportáveis filisteus no ataque aos refúgios <em>inautênticos </em>do quotidiano.<br />E depois há os espelhos de Veneza, as suas profundas solidões e depois as cidades, já transformadas em ‘sistemas de solidão’ por Tafuri, na profusão indiferente de sinais e pistas e rastos e traços, elididos a cada colisão fortuita.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-15939465234485802822009-09-29T14:47:00.003+01:002009-09-29T14:53:43.287+01:00av. dom joão ii<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="425" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/ZMUdN6I2C6Y2np37EZSe/" width="350" border="0" /></div><br />Todos os dias: de método e prática o pragmatismo torna-se metafísica, verdade quase indizível.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-25275082045261276272009-09-28T14:16:00.004+01:002009-09-28T14:26:44.019+01:00asfixia arquitectónica<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="274" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/9MWh6tOIQmcc51S4hTSG/" width="500" border="0" /></div><br />[<a href="http://static.publico.clix.pt/docs/politica/projectossocrates/index.html">Moradia unifamiliar</a>, <a href="http://www.portugal.gov.pt/pt/GC17/PrimeiroMinistro/Biografia/Pages/Biografia.aspx">José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa</a>, <em>circa </em>1980]<br /><br />A arquitectura como construção cultural.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-65598453657270135982009-09-26T14:00:00.007+01:002009-09-26T15:00:20.348+01:00'esvaído'<div style="text-align: center;"><img alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/7hcDH1c1jadNzmRnPlst/" border="0" height="667" width="500" /></div><br /><span style=";font-family:arial;font-size:78%;" >[Estrada Nacional 1, Batalha]</span><br /><br /><br />lembro-me das horas sobre o mar<br />do surdo rumor do casco dos navios<br />da tua boca colada à paixão dos mapas primitivos.<br /><br />entretanto o teu corpo corre devagar para o litoral<br />e as casas por detrás dos cabelos são brancas<br />loucamente brancas.<br /><br />no princípio eram as paredes<br />e havia o teu riso altíssimo encostado aos dias que<br />morriam nas paredes.<br /><br />quem destruiu tudo isso?<br />quem matou as aves nos ramos da tua loucura?<br /><br />oiço este rio que corre longe de mim longe de tudo<br />este corcel galopando pelos países -<br /><br />quem canta esta noite?<br /><br />entretanto tu atravessas a minha poesia com espadas de<br />neve<br />e falas de casas como quem fala do surdo rumor do casco<br />dos navios -<br /><br />quem canta esta noite?<br /><br />e o teu corpo vai correndo devagar para o litoral<br />e as casas por detrás dos teus cabelos são brancas<br />loucamente brancas.<br /><br /><br /><span style=";font-family:arial;font-size:78%;" >[</span><span style="font-style: italic;font-family:arial;font-size:78%;" >E as casas são brancas loucamente brancas</span><span style=";font-family:arial;font-size:78%;" >, <a href="http://www.jabaptista.com/">José Agostinho Baptista</a>]</span><br /><br /><br />Ajustar os lugares para benefício dos homens na terra, rasgar pontes, desenhar fachadas ostentatórias, construir para a memória os monumentos e os túmulos, conceber o espaço vazio – a praça – onde os indivíduos passam e se cruzam, organizar os solos, abrir portas e janelas, fazer o espaço indizível: a arquitectura não descansa.<br /><br /><br /><br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:arial;">p.s. São </span><a style="font-family: arial;" href="http://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/1041542.html">poucos os lugares</a><span style="font-family:arial;"> excluídos à </span></span><span style="font-style: italic;font-family:arial;font-size:78%;" >asfixia</span><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:arial;">.</span></span>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-38575449998104813362009-09-23T16:24:00.004+01:002009-09-23T16:37:54.455+01:00a casa encantada<div style="text-align: center;"><img alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/5zw9LSAr8LCRTrO0UgUp/" border="0" height="375" width="500" /></div><p><span style="font-family: arial;font-size:78%;" ><br />[</span><span style="font-style: italic; font-family: arial;font-size:78%;" >Spellbound</span><span style="font-family: arial;font-size:78%;" >, Alfred Hitchcock, 1945]</span><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">Se pretendemos representar espacialmente a sucessão histórica, só o podemos fazer por uma justaposição no espaço; o mesmo espaço não pode ser ocupado por duas coisas distintas ao mesmo tempo. A nossa tentativa parece um jogo ocioso; a sua justificação é apenas esta: mostra-nos como estamos longe de abarcar numa imagem todas as características da vida mental.<br />Temos ainda que responder a uma objecção. Poderá perguntar-se por que razão escolhemos precisamente o passado de uma cidade como termo de comparação com o passado mental. A suposição de que todo o passado e conservado só é válida também para a vida mental apenas na condição de que o órgão da psique permaneça intacto, de que o seu tecido não seja danificado por traumas ou inflamações. No entanto, as influencias destrutivas equiparáveis àquelas causas patológicas estão sempre necessariamente presentes na história de qualquer cidade, mesmo de uma cidade que, como Londres, praticamente nunca foi invadida por inimigos. O desenvolvimento perfeitamente pacífico de uma cidade inclui a demolição e substituição de edifícios, e é por esta razão que o exemplo de uma cidade não é apropriado para a comparação com um organismo mental.</span><br /><span style="font-size:78%;"><br /><span style="font-family: arial;">[Sigmund Freud, </span></span><span style="font-style: italic; font-family: arial;font-size:78%;" >O Mal-Estar na Civilização</span><span style="font-family: arial;font-size:78%;" >]</span><br /><br /><br />Sigmund Freud<br />[6.6.1856 — 23.9.1939]João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-77509730212020412902009-09-22T01:29:00.005+01:002009-09-22T01:47:24.338+01:00trans substantia<p><object height="400" width="500"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/01568663bss&hl=pt-br&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/01568663bss&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="500" height="400"></embed></object><br /><em><a href="http://www.davidbyrne.com/music/cds/grown_backwards/grown_back_lyrics.php">Glass and concrete and stone<br />It is just a house, not a home.</a></em></p><p><br /><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[Glass, Concrete & Stone, </span><a href="http://www.davidbyrne.com/"><span style="font-family:arial;font-size:78%;">David Byrne</span></a><span style="font-family:arial;font-size:78%;">, 2004]</span> </p>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-43342556951334547852009-09-21T10:59:00.016+01:002009-09-21T12:11:31.859+01:00do pavimento<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="375" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/zQLRcpsJL7GAhr5jSfN9/" width="500" border="0" /></div><p><br /><a href="http://www.youtube.com/watch?v=2-xIulyVsG8"><em>Johnny's in the basement<br />Mixing up the medicine<br />I'm on the pavement<br />Thinking about the government</em></a><br /><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[<em>Subterranean Homesick Blues</em>, Bob Dylan, 1965]<br /></span><br /><br /><br /><br />A vida minúscula do Outono anunciado, sobre o pavimento de betão a imitar pedra.<br />São estas coisas concretas que constituem o nosso mundo <em>dado</em>, interligadas de modo complexo e por vezes contraditório. Os fenómenos compreendem outros: a floresta compreende as árvores, a cidade compreende os edifícios. Fenómenos <em>meio </em>de fenómenos: a paisagem; um termo concreto de <em>meio </em>é lugar.<br />Actos e ocorrências, acontecimentos e incidentes, têm lugar. É difícil imaginar algum acontecimento sem a referência ao lugar. Referimo-nos a lugar como algo mais que uma localização, situação, abstracta: queremos dizer a totalidade feita de coisas concretas que têm substância material, forma, textura, cor. </p><p><br />Atrás, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=2-xIulyVsG8">encostado aos sacos do lixo</a>, Allen Ginsberg, <em><a href="http://www.pangloss.com/seidel/Ramble/howl_text.html">HOWL</a></em>ing. </p><p><br /><br /><span style="font-family:arial;"><span style="font-size:78%;"><em>pequeno milagre</em>, para a </span></span><a href="http://conto-de-fuga.blogspot.com/"><span style="font-family:arial;font-size:78%;">Clara</span></a> </p>João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-31992743961756745202009-09-19T19:00:00.005+01:002009-09-19T19:05:53.336+01:00habitar: passagem<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="390" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/fWez4Okv58jhzjZJiUGg/" width="500" border="0" /></div><br />[<span style="font-style:italic;">Distant cloud formation</span>, <a href="http://www.axelantas.co.uk/">Axel Antas</a>, 2006]<br /><br /><br />Acolher o desejo e liberdade humanos. Acção sobre o mundo que tem como fim último situar-nos vigorosa e amorosamente sobre a Terra. <br />Difícil transformação da terra inóspita à qual o Homem foi lançado por Deus após a traição primordial.João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4417237022760702751.post-6215935733201974462009-09-18T18:00:00.004+01:002009-09-18T18:10:20.383+01:00mal respira<div style="TEXT-ALIGN: center"><img height="278" alt=" " src="http://fotos.sapo.pt/nf5BALdIs8LVY5DuHwdI/" width="500" border="0" /></div><br /><em>O quarto de banho é indeciso, quase morto. As coisas e as paredes cederam, se adoçam e diluem em fumaças. A água esfria ligeiramente sobre a sua pele e ela estremece de medo e desconforto.<br />Quando emerge da banheira é uma desconhecida que não sabe o que sentir. Nada a rodeia e ela nada conhece. Está leve e triste, move-se lentamente, sem pressa por muito tempo. O frio corre com os pés gelados pelas suas costas mas ela não quer brincar, encolhe o torso ferida, infeliz. Enxuga-se sem amor, humilhada e pobre, envolve-se no roupão como em braços mornos.</em><br /><br /><span style="font-family:arial;font-size:78%;">[Segue a narrativa e a tristeza pelo corredor.]<br /></span><br /><br />[<em><a href="http://www.vilautopia.com/index.php?area=obra&id_obra=10&id_arqui=18">Vila Utopia 10 - Venha Viver numa Obra de Arte</a></em>, <a href="http://www.blogger.com/www.airesmateus.com/">Manuel Aires Mateus</a> + <em>Perto do Coração Selvagem</em>, Clarice Lispector]João Amaro Correiahttp://www.blogger.com/profile/08179308052052358257noreply@blogger.com