Lisboa, cidade criativa#1

As cidades morrem se nelas não se circula. Como sangue nas veias do nosso corpo – metáfora pouco original, é certo - , morre a cidade sem tráfego, sem tráfico. De bens ou de afectos, de serviços ou de cultura. A cidade vive do trânsito, é transitiva, mas perdura para além do escasso tempo da nossa vida. É do paradoxo que se constrói.
Icónico, atravessa Lisboa e dobra as colinas. Emblemático, reproduzido infinitamente, é Lisboa pelo mundo. Ou pelas brochuras do turismo very typical, que seja. O encerramento do Eléctrico 28 às 23.10h é simbólico. Do desnorte e do desprezo, da incompetência, pior, da ignorância, de quem nos representa e apresenta, sazonalmente eleitoralmente, uma visão e planos para uma “cidade competitiva”. Com mais carros, mais entulho. Com mais clamor pelo preço dos combustíveis e pela poluição, pela insuficiência de parques de estacionamento – escavem-se mais buracos, enterrem-se mais euros em subterrâneas valas onde se empilham latas – pela escassez de transporte público.
Pobres e desapaixonados, tristes e sem rasgo, decide-se assim em Lisboa.

à atenção:
O Carmo e a Trindade
CIDADANIA LX
Fórum Lisboeta
Lisboa Lisboa


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