Está aberto o debate em torno da figura do arquitecto Gehry. O Projecto já teceu loas ao mestre californiano e com isso balizou as suas posições. Sem dúvida que elogiosas para o amigo do arquitecto Álvaro Siza, a "declaração de princípios" do Projecto não deixa de ser algo cínica face ao problema, quiçá mais premente, do modernismo e pós-modernismo.
Para melhor nos entendermos tentarei expôr as minhas posições pela mesma ordem que o meu interlocutor.
1. Caro Lourenço, seria difícil o arquitecto Gehry não ser popular! E ser popular não me parece ser algo pejorativo. O trabalho de Gehry sustenta-se a partir do uso e manipulação de imagens e estereótipos populares. O início fulgurante com a horrível mas eficaz, enquanto porcesso de projectação, da casa do arquitecto em Santa Mónica, é disso o primeiro paradigma. Depois de uma longa aprendizagem com os mestres da anterior gerãção incluindo Le Corbusier que às tantas parece negar, passando por Kahn e fundamentalmente por Venturi e a Vegas Strip, Gehry faz uma perfeita síntese do que aprendeu! Materias baratos e banais, manipulados a partir de um discurso daquele tempo (finais de '70) e que fazem todo o sentido se vistos já hoje numa perspectiva histórica. As contaminações a que este é sujeito pelas ligações ao mundo da arte de Los Angeles contribuem ainda mais para a imagem e receptividade que o trabalho inicial de Gehry obteve.
Gemini G.E.L. Studios, 1976
Este lado pop é talvez a mais importante lição que poderemos receber de Gehry. O que é bem diferente de algum populismo que a sua obra (ao invés do seu discurso) adquire numa fase posterior.
Os loucos eighties foram terríveis para todos nós! E enquanto assistíamos ansiosos aos domingos de manhã ao 70X7 na esperança urgente de ver aparecer nos ecrãns o Sítio do Pica-Pau Amarelo, em Paris, Lyotard perorava o fim das grandes narrativas, Deleuze afundava-se pelo rizoma levando consigo muito do discurso mais vanguardista do mister arquitectónico, Virilio começava a acelerar pelas auto-estradas da informação, Derrida convocava Eisenman para um disdurso de formas aleatórias (tal como os seus textos), o mesmo Eseinman que teria pegado na s gramáticas generativas do Chomsky. Do outro lado do Atlântico Ghery prosseguia a sua "investigação".
Santa Monica House, 1977-1979
Mestres Cantores da Califórnia
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