o mundo é aquilo que nos separa do mundo*
[Ilha do Pico]
O espaço arquitectónico não é fictício: não habitamos o espaço literário ou pictórico. Se a ficção se ergue a partir daqui é porque, enquanto real, o espaço dividido e hierarquizado e limitado pelo arquitecto, nos expõe a imaginação a condições particularmente favoráveis para que esta nos tome de assalto. A arquitectura é uma condição de possibilidade. Da ficção e do dizer e do pensar e do agir.
As casas sobrevivem aos homens. A duração é o seu modo, que se faz como obra-no-mundo. O fim da arquitectura coincidirá com o fim do político e do pensamento. Da arquitectura sustém-se o que sem ela seria inexistente. Ergue-se aquilo que por si não se mantém. É a sustentação das coisas. Acção directa sobre a nossa sombra fugaz.
* Trieste, José Tolentino Mendonça in O Viajante Sem Sono
para a T.
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- on 16.10.09
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