fenomenologia da marquise


[Av. Almirante Reis, Lisboa]


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  1. ds 5.1.09

    A marquise é uma força tão poderosa que supera a divisão de varandas! Espantoso.

    Se as casas não servem às pessoas porque é que estas não mudam? Ou bem que se aceita a casa que se tem ou bem que se muda de casa ou ainda resta a hipótese de se ter uma vivenda algures numa quinta em que a expansão pode ser pensada.

     
  2. Anonymous 5.1.09

    Muito bom...o edificio ganhou bastante com as marquises.
    Ou bem que se aceita ou bem que não se aceita e altera-se a gosto..

    Sempre para melhor..pelo menos para quem altera..seja ele o dono, o arquitecto ou outro.

     
  3. Marta 5.1.09

    É verdadeiramente sublime! Cabia-nos a nós (arquitectos e subgéneros ou sobregéneros), em vez de tentar evitá-las, investigar formas de incorporar todo o tipo de alterações humanas à nossa "virgem" arquitectura.

    Para não manchar o "vestido" branco de tule, deveríamos vestir as "nossas virgens" com outros vestidos. Que tal deixar de mentir e de produzir "virgens mal amadas e pedantes"?

     
  4. AM 5.1.09

    estão fabulosas... com qualquer coisa de lacatan & vassal...

    (o comentário do ds é do tipo love it or leave it)

     
  5. Anonymous 5.1.09

    Muito bom...o edificio ganhou bastante com as marquises...
    E porque não alterar para melhor? Nem sempre o original é a melhor solução e nem sempre se pensa da maneira mais correcta...

     
  6. Anonymous 7.1.09

    como curiosidade:

    em julho de 2007 realizou-se na baixa do porto uma série de intervenções artísticas em varandas:
    uma das performances (de manuel santos maia) incidia exactamente nisto: as marquises

    as imagens não desvendam tudo... mas acho que dá para perceber:
    http://sombrachinesa.blogspot.com/search?q=varanda

     
  7. jraulcaires 7.1.09

    Esta fotografia é um bocado "malandra" porque no enquadramento é evidente que o edifício fica muito melhor com as marquises do que sem as ditas cujas.

    Sou apologista do projecto "aberto", principalmente quando é destinado a utentes desconhecidos, projecto que cuide dos aspectos essenciais "pelo osso" e ainda preveja e admita posteriores "customizações" que até o poderão enriquecer.

    No contexto da Av. Almirante Reis e arredores, há lá de tudo um pouco, até bons edifícios de arquitecto a sério, mas que surgem, alguns, assim, a modos que descontextualizados no meio daquilo tudo. Mas no geral, acho aquilo uma zona um bocado deprimente, talvez por ser uma zona deprimida por questões para além da Arquitectura. Ou talvez não, em parte. Não deixa de ser um bom apontamento.

     
  8. ds 7.1.09

    Marta: mesmo que se tente incorporar, e parece-me possivel e relativamente fácil, mesmo para isso tem de haver regras! Porque uma coisa são marquises e varandas, outra coisa é uma marquise de caixilharia assim, outra de caixilharia assado, outra de caixilharia assim mas de vidro martelado, outra de caixilharia assim mas c aberturas de diferentes medidas, outra c caixilharia assado mas de vidro duplo e varandas. Isto a pensar no edifício, e se na avenida aquele for o único edifício assim e mais nenhum tiver marquises?

    Deveriam haver leis que permitissem de facto articular estas diferentes escalas, pq um prédio ñ é uma vivenda, cada apartamento é parte integrante de um conjunto, não é um objecto isolado. A maneira mais fácil é não fazer sequer varandas, e quão triste não seria, num país com tanto sol não haver uma varanda.

    O prédio é um aglomerado de organismos, se um se altera os outros têm de reagir, repito: um apartamento não é um acto isolado. Um prédio (dificilmente) é um acto isolado, uma vivenda nem sempre é um acto isolado. Nós vivemos em sociedade e há que nos respeitarmos, em qualquer relação há sempre sacrifícios em prol de objectivos comuns e hierarquia de necessidades.

     
  9. Marta 8.1.09

    Pois percebo o que diz, ds, mas infelizmente aqui não falamos de arquitectura como ética e forma de habitar confortável para quem se destina (todos nós), reduzimo-nos de repente ao campo estético. A favela é um "objecto", no seu conjunto estético, dá bons filmes e boas fotografias.

    Aliás corrigo à epiderme estética. Porque estética, como um professor de Teoria de Arquitectura diria, é uma "dimensão" e como muito bem diz ,é portanto um corpo.

    Mas não pensemos então no corpo como imagem apenas. Comparemos este "organismo" a outro o "humano" pensemos no "belo" então. O que é um corpo belo? Será apenas uma pele bem tratada, uns lábios carnudos com botox, umas rugas retiradas, no photoshop desta vida? Ou o corpo inteiro , musculatura, tecido adiposo, epiderme? E sem orgãos internos existiria músculo, adiposidades e pele?

    Vi num atelier (conhecido)tratarem a "arquitectura" como cartaz imobiliário, coisa pornográfica, digna das páginas relax do DN , Correio da Manhã , Whatever. Tão desprezível e frágil, o "produto", que bastaria o sopro do "lobo mau" para atirar ao tapete aquela armação, que sem músculo e orgãos persistia em encenar-se perante a gananciosa clientela. E como explicar que os ossos vêm depois do "envelope" e os orgãos surgem desconectados da pele, criados sem se sustentarem na ossatura? Como eu penso dos "Dinaussauros" só temos registo porque ficaram os ossos e restituimos o seu corpo através desse legado. Mas talvez estejamos condenados ao desaparecimento, também agora estamos na "era digital", "fake reality" , mas o que será a realidade senão uma nossa construção? Enfim os estropícios também têm direito à vida. Feios e bonitos na arquitectura, deixem-nos viver. Long live to all them.

     
  10. Anonymous 8.1.09

    Marta, :] Chamo-me Diogo.

    De facto não é apenas o exterior que conta, há animais embalsamados muito bonitos, porém... estão mortos.

    A olhar para as fotografias o principal problema começa por ser o prédio em si, mesmo antes das marquises. Mas acho que é importante insistirmos com as pessoas para que se respeitem certos limites, é claro que eles não devem começar a impor-se depois da obra habitada mas sim quando a caneta começa a riscar o papel, já antes disso tem de haver respeito.

    Enfim, os ares condicionados ainda me magoam mais, pois para além de inestéticos não são a melhor alternativa nem em termos da nossa saúde nem da saúde do planeta nem ainda, da saúde da nossa carteira. Quanto às varandas... protegem-nos do Sol forte de Verão e protegem as janelas da chuva do Inverno, durante 270 dias por ano podemos usá-las, para quê sofrer com uma marquise que ora é estufa quente ora é estufa fria?

    Retomando os primeiros parágrafos, se o interior estiver degradado também o exterior mais rapidamente se degradará. A questão é: A quem pertence a mente degradada que "matou" o prédio? Provavelmente cada um deu a sua contribuição, entre moradores e construtores poucos são os que escapam.

    Embora, pessoalmente, considere os "valores" uma falsidade acho que fazia falta mais Homens como o foi Adolf Loos, de todas as convicções, moralidades e valores, parece-me inegável reconhecer que um valor importante é o da honestidade, ser-se verdadeiro. Quando não se é começam a surgir envelopes, marquises, etc.

     
  11. João Amaro Correia 8.1.09

    kamaradas, este post está a tomar proporções que nos ultrapassam. o que é óptimo. está a precisar que euopine também. amanhã. assim haja tempo.
    prossigamos, então.

    j

     
  12. AM 8.1.09

    a graça das marquises é não haver regras
    se vamos começar a "legislar" sobre as marquises então é que está tudo f.....

    ninguém mata ninguém
    aquele prédio, como muitos outros, já nasceu morto
    as marquises são "second life"

    as marquises não são do edifício ou dos arquitectos (!?) que (às vezes...) os projectam, são das pessoas que nelas... "investem"...

    as marquises acabam quando não fizerem falta nem... "sentido"
    quando a cultura, não a cultura dos "cultos" mas a cultura de todo(s) o(s) dia(s), as "ultrapassar"
    quando o DESEJO de um espaço exterior coberto (de sombra e recolhimento mas também e potencialmente de "acção"...) se sobrepor à NECESSIDADE de mais uns "M2" de área (in) útil para guarda a tal tralha

    a fenomenologia da marquise é um "fenómeno" do passado
    já (quase) ninguém "forra" marquises e pela altura da última eleição presidencial (como oportunamente postou odp...) :) até se assistiu à "estigmatização" da pobrezinha...

    as marquises são as nossas fachadas cortinas, o nosso mies
    o nosso mies... pop!

    mariazinha, deixa-me desmanchar a tua marquise!

     
  13. Isabel Victor 9.1.09

    Belíssima, esta dissertação sobre a dita e estrangeirada " Marquise " ...

    Pois, a dita cuja dá "pano para mangas" ... isso mesmo ! A marquise é uma espécie de manga por onde se estende o fato.

    É uma tentação ...


    (até acho piada a certas marquises)



    :))


    gostei de conhecer este sítio




    iv*

     
  14. Anonymous 3.6.09

    que horror.
    ainda falam do 25 de abril 'à balda' com orgulho..