Duas ou três coisas acerca da ‘esquizofrenia crítica’. Sufoco, será mais apropriado.
A devoção excessiva à singularidade, objectos, edifícios, autores, ergue-se a partir da obsessiva auto-assertividade, auto-consciência, auto-complacência, (auto-crítica?). É próprio da crítica a produção de um juízo – estético, ético, técnico, depende da ‘ambição crítica’. O problema que se nos coloca é ser essa produção crítica de acordo com os próprios fenómenos que observa. E é esta que se manifesta, que se ergue quase como manifesto. E nessa excessiva deslocação elidem-se a relações (críticas?) do objecto, da sua singularidade, no contexto e no confronto com tudo o que dele se exclui. Sobra o objecto autista e a crítica cega.
Ainda que saibamos que o lugar da crítica será justamente o de estabelecer ligações [não links], relações, entre o objecto e o mundo – quase que atrevo o real - o pensamento, acossado pelo ego-centrismo, torna-se mera vontade de afirmação, já não de representação.
Mas talvez tudo isto não passe de uma retórica insuportavelmente sentimental ou talvez seja o tempo de instituir a instabilidade como categoria crítica. Ainda depois de Derrida & Eisenman.
retórica insuportavelmente sentimental
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6.10.09
Patrícia Santos Pedrosa
mas esse objecto de que falas é autista per si ou autista no discurso crítico?
32 minutes ago · Delete
João Amaro Correia
nos dois discursos.
não achas?
mas isto tudo é a propósito do post do pedro sobre uma espécie de sufoco crítico em que vivemos.
vai ao meu blog e segue o link.
28 minutes ago · Delete
Patrícia Santos Pedrosa
rapidamente. relativamente ao post original parece-me sofrer de alguma confusão. os que procuram os tais graus fazem-no por muitos motivos mas raramente para se dedicarem às ensaística como escapatória ao desemprego!
sobre a tua "retórica". os dos graus não são os que preenchem páginas e páginas de "crítica" oficial... os académicos estão genericamente excluídos do sistema de reciprocidade masturbatória objectos/opinação...
17 minutes ago · Delete
João Amaro Correia
a questão não é essa.
será mais esta ansiedade em que mergulhamos e não sabemos bem em que pensar. perdidos no meio de páginas e páginas 'críticas'.
15 minutes ago · Delete
Patrícia Santos Pedrosa
a questão ele levanta não é essa (parece-me). e sobre essa ansiedade resulta, possivelmente, de uma construção do perfil de arquitecto sem necessidade de se constituir com uma estrutura intelectual de análise, enquadramento e crítica. a formalização dos problemas retira densidade ao processo de projectar e consequentemente ao de tentar criticar. dito de outro modo somos largamente ensinados a não aprender...
6 minutes ago · Delete
João Amaro Correi
aeste 'debate' deveria ocorrer na caixa do blog.
mas a 'ansiedade' é o problema. tem pouco a ver com a 'estrutura intelectual' do autor. ou terá. na medida em que é do ar que se respira. ou zeitgeist.
[via facebook]