estrada nacional#4


O compromisso da arquitectura com o real torna-se operativo como “arte do possível”. Nem só do labor no erro, que é a cópia infinitamente [mal] reproduzida, vive o construir português contemporâneo.
A pragmática da construção é matéria prima do trabalho do arquitecto. E tanto mais os constrangimentos se dispuserem no estirador, menos branco permanece o papel, ainda que não se alivie a angústia. O processo torna-se mais complexo, mais denso, porventura mais moroso, mas mais consciente e consistente.

Dois volumes, repousam sobre a colina, contradizem o congestionamento da Estrada Nacional 1 para onde se voltam. Sóbrios, convincentes e seguros, afirmam-se pela abstracção rigorosa com que se erguem e com que são rasgados. Pragmáticos, filtram a luz de poente que incide num duplo pé-direito com painéis ripados de madeira, que se repetem nas portadas exteriores dos necessários vãos – apenas e só os indispensáveis. Alheio aos vizinhos, aspirantes a modernos, pós-modernos, pós-rurais, assenta num embasamento de betão cru, nu.

A quem tenha conhecimento, solicita-se que revele a autoria do projecto.

[Quinta do Seixo, Leiria]


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