perpetuum mobile


[Mercators Projection, Icebergs Series, David Burdeny, 2007]


Mas porque estar aqui é muito, e porque tudo
o que é daqui aparentemente precisa de nós, estas coisas efémeras, que
estranhamente nos dizem respeito. A nós os mais efémeros. Cada uma
uma vez, só uma vez. Uma vez, não mais. E nós também
uma vez. E nunca mais. Mas o
ter sido uma vez, mesmo uma só vez:
o ter sido terreno, parece irrevogável.


[As Elegias de Duíno, A Nona Elegia, Ranier Maria Rilke]



A nova doutrina: o espaço hesita. Flutua ou naufraga, ergue-se ou soçobra.
Desamparado de qualquer imagem do mundo, livre de qualquer crença matricial e fundadora. Expulsos do lugar único e indivisível, o Paraíso, caímos no território que exige trabalho. Só depois das mãos, a paisagem.
Nem lugares, nem não-lugares, apenas [im]possibilidade de nos reconhecermos num lugar para a existência. O espaço que a arquitectura se encarregará de nomear, fixar, para que o ser exista.




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  1. Maria Inês 5.10.09

    acho essa foto tão agorafóbica!